PARTO!!!
Parto vem do Latim PARERE, “dar à
Luz”.
E
partir
vem de PARTIRE, inicialmente “dividir em partes, separar”, derivado de PARS,
“parte”, adquirindo logo o significado de “afastar-se de algo, mover-se
para outro lugar”.
Logo,
não têm origem comum.
Nascimentos
Para fazer um contraponto, agora falaremos nas palavras que são usadas quando a gente chega a ele.
NAMORO – quando a coisa é planejada
pelo casal, tudo começa por ele, não é mesmo? E esta palavra, tão agradável,
vem da expressão Espanhola estar
en amor, que acabou formando o verbo enamorar, que originou o nosso namoro.
NOIVADO – é o passo seguinte. A palavra
vem do Latim novus,
nova, “novo, nova”, pois designava a pessoa jovem, em idade de
casar. Em Espanhol esta palavra passou a novio,
novia e
em Português a noivo,
noiva.
Há
lugares onde ainda se diz “moça nova” querendo dizer “casadoura”, “em idade de
casar”. Em contraposição, usa-se a expressão paradoxal “moça velha”, quando
essa idade já passou.
Coisas
de outras épocas, já que agora felizmente as uniões vêm sendo feitas
independentemente de idade.
CASAMENTO – aí vem mais um passo. Esta
palavra reflete o mais que conhecido ditado “quem casa quer casa”, já que casamentum, em
Latim, significava “terreno com casa”, isto é, uma área com uma edificação
sobre ela.
ANEL
– noivado e
casamento costumam ser marcados pelo uso do anel. Esta palavra vem do Latim annulus, “anel”, de
uma base Indo-Européia ano-,
“anel”.
O
anel de
noivado e casamento é colocado sempre no quarto dedo, o chamado anular. Isso
ocorre porque antigamente se acreditava que esse dedo era ligado por um nervo
diretamente ao coração.
ALIANÇAS
– os anéis
citados acima são chamados alianças.
Este nome vem do Latim alligare,
de ad-,
“junto”, mais ligare,
“unir, atar”. São assim chamados porque representam uma união que se deseja
forte e duradoura.
MARIDO – no casamento, a dupla é
declarada “marido e mulher”. Marido
vem do Latim maritus,
que deriva de, mas, “macho”. É por isso que não existe marida. O
correspondente feminino de marido
é mulher
mesmo.
Deveres
maritais
são os deveres do marido.
ESPOSOS – esta palavra vem do Latim spondere, “ligar-se,
prometer solenemente”. Na Roma antiga, sponsa
era “a noiva, a prometida”. A origem no Indo-Europeu é spend, “fazer uma
oferta, realizar um rito”.
Não
querendo fazer alusões mordazes, esposas
em Espanhol quer dizer “algemas”, e tem a mesma origem. Esponsais significam casamento.
NÚPCIAS – também é sinônimo de casamento. A
palavra vem do Latim nuptiae,
“casamento”, de nupta,
particípio passado de nubere,
“tomar como marido”. Há relação com o Grego nymphé,
“noiva”, que vem do Indo-Europeu sneubho-,
“casar”.
Nubentes são aqueles que vão casar.
ENXOVAL – quando duas pessoas vão casar
ou estão esperando filho, faz-se o enxoval,
o que dá ocasião a festas e piadas. É uma maneira muito interessante de se
providenciar uma ajuda da sociedade para quem está iniciando uma etapa tão
diferente da vida.
A
palavra deriva do Árabe as-suuar,
“dote”. No Espanhol atual, ajuar,
derivado daí, é “o conjunto de móveis, roupas e jóias que a mulher aporta ao
casamento”.
DOTE – já que falamos nele… O dote são os bens
que acompanham a noiva no casamento e passam a pertencer também ao marido; nem
sempre usado hoje, antanho ele era às vezes a única possibilidade de uma moça
conseguir casamento.
Se
o futuro sogro tinha posses, os pretendentes nutriam súbitas e intensas paixões
pela filha dele, mesmo que ela não fosse das mais atraentes. Assim como era o
jeito de a moça desencalhar, era muitas vezes o jeito de um homem viver sem trabalhar,
nas épocas em que esta atividade não era muito bem vista. Um sistema baseado
neste tipo de interesses não podia dar certo.
A
palavra dote vem
do Latim donare,
“dar”, de donum,
“presente, dom”.
O
sentido de dom
como uma capacidade especial vem do fato de que certos talentos e qualidades
eram considerados um presente dos deuses.
Falando
em dar,
a frase “É dando que se recebe”, há tempo imortalizada na política de certo
país, se diz em Latim “Do
ut des”. Ou, literalmente “Dou, para que dês”. Idioma conciso, não?
PARAFERNÁLIA – esta palavra com cheiro de
anos setenta parece deslocada aqui, mas é só impressão. Todos os que viveram
aqueles anos a ouviram e muitas vezes ficaram sem saber exatamente o que era.
Hoje a imprensa gosta de a usar em expressões como “parafernália eletrônica”.
Pois
esta palavra faz parte de uma expressão latina, bona paraphernalia, “bens parafernais”.
Estes são os bens de uma noiva além do dote; este era repartido com o marido; o
paraferno não continuava pertencendo a ela.
A
palavra se origina do Grego para-,
“além”, e pherna,
“dote”, de pherein,
“levar”, pois o dote era o que a noiva “levava” para a propriedade comum.
Seu
sentido leigo atual passou para “tudo o que é necessário para exercer uma
determinada atividade”.
GESTAÇÃO – mais um passo neste ciclo tão
conhecido. A palavra vem do Latim gerere,
“gerar”, parente do Grego gígnomai,
“nascer, gerar”. “Gestante” é aquela que gera gestans em Latim.
GRAVIDEZ – sinônimo da anterior; vem do
Latim gravis,
“pesado”, pois é assim que uma gestante normalmente se apresenta.
Parto – do Latim parere, “trazer, dar
à luz”. Daí a palavra parens,
“aquele que traz”, que gerou a nossa palavra parente, e que em Latim designava
“pai, mãe ou ancestrais”.
Em Inglês se usa parent/parents
como “pai e/ou mãe”. Em Português dizemos os pais/pai e mãe para este
sentido. Ultimamente se vê o uso de parental
em textos sobre Psiquiatria, geralmente por má tradução do Inglês. Seja como
for, é uma palavra que faz falta e provavelmente vai “pegar” e ser anexada ao
acervo do nosso vernáculo.
A palavra mais remota ligada a
estas é o Pré-Indo-Europeu per-,
“trazer à frente”.
MAMÃE – reduplicação de ma-, é um som de
presença quase universal nas palavras relacionadas com maternidade nos idiomas,
crê-se que por imitação do ruído de mamar.
Em
Grego, “mãe” é méter.
Desta palavra foram feitos derivados cultos para “útero”, tais como metrorragia, de méter, “útero” e rheon, “o que ocorre
o que flui”, querendo dizer “sangramento uterino”.
O
útero era antigamente chamado de “mãe do corpo”.
PAI – onde há uma mãe, há um pai,
enquanto as técnicas da Genética não se difundirem muito. Este em Latim era pater, em Grego patér. Em Sânscrito
se dizia pitar.
Também se atribui a origem desta palavra aos balbucios infantis.
Zeus
era chamado Diós
Páter, “Pai dos Deuses”, na mitologia grega, não por tê-los gerado,
mas por ser o que os chefiava.
FILHOS – onde há pai e mãe, deve haver
filhos. A palavra que os designa era, em Latim, filius, filia. Vem do Indo-Europeu dhe-, “sugar,
mamar”.
Afilhado “deriva daí, assim como padrinho e madrinha
derivam de “pai” e mãe”.
CRIANÇA – esta palavra vem do Latim creatus, particípio
passado de creare,
“fazer, produzir, criar”, relacionado com crescere,
“crescer”.
Da
noção de um infante sem pais ser acolhido numa casa e passar a vida dedicado
a servir aquelas pessoas ou do filho de escravos que crescia trabalhando na casa vieram à palavra criada com o sentido de “serviçal”.
a servir aquelas pessoas ou do filho de escravos que crescia trabalhando na casa vieram à palavra criada com o sentido de “serviçal”.
“COUVADE” – é uma palavra francesa para
nomear uma situação que existia em certas regiões da França e que parece
subsistir ainda em certas tribos sul-americanas.
Por
ocasião do parto, quem faz o resguardo,
ficando de cama, gemendo, sendo visitado e recebendo do bom e do melhor é o
pai. A mãe, essa está muito ocupada com os afazeres da casa e da criança nova
para poder desfrutar de algum descanso.
Fica
aí a ideia de um costume milenar que pode ser revivido. Consultem entre si o
futuro papai e a futura mamãe.
MADRUGADA – quando os filhos chegam, os
pais começam a passar esta parte do dia em atividades pouco interessantes. A
palavra vem do Latim maturus,
“o que se dá em momento bom”, parente de matutinus, “cedo,
ligado à manhã”.
FRALDAS – justamente a troca de fraldas
é uma das atividades que são feitas pela madrugada. O nome desta peça de tecido
ou de material descartável vem do Espanhol falda,
“colo, regaço, parte de uma peça de roupa”. Mais remotamente, vem do Frâncico falda, “dobra”.
MINGAU – quando os filhos crescem um
pouco, chega à hora do alimento nesta forma, cujo nome vem do Tupi mingá-u, de mingá, “pastoso, não
sólido” e u,
“comida”.
ARQUIVO/POSTAGEM: PROFESSOR/PESQUISADOR: NONNATO RIBEIRO
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