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quinta-feira, 13 de março de 2014

NA HORA "H"

      AS VÁRIAS PERGUNTAS DA HORA DO PARTEJAR.

Reflexões...

Acho muito compreensível o medo que as pessoas (homens e mulheres, médicos e leigos) têm do parto normal. Este medo com certeza é do parto sofrido, dolorido, com muitos procedimentos e sem nenhum respeito que inevitavelmente temos que encarar em alguns serviços (ou até em cidades inteiras, como a minha). Ontem fiz um encontro de pais sobre plano de parto... me sentiu meio ridícula quando explicava os procedimentos de rotina, para que eles eram usados, porque deveriam ser evitados e depois terminava com "mas é a rotina dos hospitais".


Como conseguir um parto respeitoso? Como evitar procedimentos evitáveis? Como garantir a segurança e a vitalidade da mãe e do filho sem precisar se submeter a humilhações e exposição do corpo e da alma? Como convencer e sensibilizar os profissionais a não se anestesiarem frente à dor, à mulher nua expondo sua intimidade e sua fragilidade? Como explicar ao pai que ele não poderá entrar na sala de parto, porque lá já tem gente demais, falando demais, e atrapalhando demais?
Parece-me muito difícil... as vezes impossível...

Para a mulher que está parindo hoje não interessa que faremos treinamento em breve, que em breve o acompanhante poderá assistir o parto, que em breve a sala de pré-parto não será um corredor, com profissionais apressados cumprindo nada mais que o seu dever! Ela precisa disso hoje... cada dia que passa é um dia perdido, são várias e várias mulheres humilhadas com a exposição de seus corpos e com a indiferença frente à sua dor! Estamos atrasados, cada vez mais atrasados, não avançamos ainda um milímetro em direção ao parto humanizado.

ANGÚSTIA...

Admiram o meu trabalho, me sinto grata e lisonjeada por isso, mas me sinto nadando contra a maré..

Eu falo baixo e calmamente, mas as vozes conversando no corredor me desconcentram. Me preocupo em manter o ambiente confortável, a posição confortável, a iluminação mais intimista, a ansiedade controlada, o acompanhante orientado... mas cada vez que consigo deixar a mulher "centrada" e saio, quando volto encontro tudo como antes... como se a gente arrumasse um armário com cuidado e quando voltasse lá está tudo bagunçado novamente.
Acho que alguns destes profissionais precisam de treinamento, sensibilização, educação. Outros precisam  ver que o discurso é diferente do ato, e que pequenas atitudes do dia a dia fazem diferença para AQUELA MULHER...

Sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

ARQUIVO/POSTAGEM: PROFESSOR/PESQUISADOR: NONNATO RIBEIRO
Material/Postagem: www (REDE MUNDIAL)

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